Xuxa para maiores em L.A.
“Mas é filme de criança?”, me perguntou um americano de roupão de cetim azul brilhante, na fila para ver “Super Xuxa contra o Baixo Astral”, ontem à noite.
Pois é, passei a ilustre noite de sábado num cinema antigo de Los Angeles com outras 80 pessoas para uma “festa do pijama”.
Tinha cerveja a dois dólares, sorvete de graça e tinta para pintar a cara (?). Senti uma brisa de baseado também.
A atração principal era o filme da Xuxa de 1988. Mas não só.
Os organizadores passaram também um trecho bem curto (e extremamente picante) de “Amor Estranho Amor” (1982). Sempre ouvi falar deste filme, mas nunca tinha visto. Chocante.
Ela chega seminua na cama de um garotinho dormindo, ele acorda, ela tira o resto da roupa, deita em cima dele, arranca seu pijama e o beija, beija, beija. Aí chega a Vera Fischer, as duas brigam e Vera xinga Xuxa de “your tramp!” (sua vagabunda!). Era uma cópia dublada. Os “ooohhh” da platéia eram muitos.
Talvez a cena tenha ajudado a explicar aos americanos porque o site do evento chamava Xuxa de atriz de “filme pornô-soft", ainda que ela só tenha feito este.
A descrição causou ira em brasileiros (fiquei sabendo do filme no site Na Telinha).
Hadrian Belove, chefe de programação da casa, disse que o site do cinema recebeu mais de 20 mil visitas em menos de seis horas na sexta-feira, a maioria do Brasil.
Ele recebeu tantos e-mails indignados que resolveu tirar o filme, o trailer e a descrição do site para acabar com o burburinho na internet.
Pensou em cancelar a festa, mas no final acabou até lendo um e-mail de um brasileiro furioso antes da sessão legendada.
“Xuxa é incrível, e o filme [‘Super Xuxa Contra o Baixo Astral’] é divertido, colorido, selvagem. E ela é incrivelmente sexy”, disse Belove à Folha, que descobriu o longa há quatro anos e virou fã.
“Não existe nada nos EUA como a Xuxa, é algo único.”
Também foram exibidos trechos dos programas de TV, como quando ela recebe Ayrton Senna num especial de Natal.
Ela pergunta para ele o que quer de presente, e ele responde que não pode falar na TV. É hilário e certamente ajudou a esquentar o clima.
Lembro de ter visto “Super Xuxa Contra o Baixo Astral” no cinema, na época da estreia, com minha mãe, em São Paulo. Rever foi bizarro. Em inglês, ficou "Xuxa contra o Down Mood".
É uma cópia tropical de “O Labirinto”. E Xuxa, com suas falas forçadas e ingenuidade debilóide, causou grandes risadas na platéia.
Guilherme Karan (foto do pé) está genial como o vilão Baixo Astral. E como tem propagandas da Coca-cola, um exagero!
No final, conversei com algumas pessoas e não cruzei nenhum brasileiro. Todos queriam saber mais informações sobre a tal da Xuxa. Não acreditavam que ela ainda tem um programa de TV.
“Vi a programação no site e achei interessante”, disse Ron Rogue, um americano que foi de pijama e levou outros três amigos.
“Não tinha mais nada para fazer em casa e qualquer coisa envolvendo pijamas eu estou dentro.”
O evento, chamado “Cinefama Pajama Party”, acontece duas vezes por mês no Cinefamily, antigo Silent Movie Theater, como dá pra ver no letreiro da foto acima (reparou no povo de pijama?).
Já passaram outros filmes curiosos como o desenho “The Last Unicorn” (1982) e “Skatetown U.S.A.” (1979), sobre uma turma numa pista de patinação e estreia do ator Patrick Swayze.
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