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domingo, 3 de junho de 2012

JERRY LEWIS - UM GENIO


Uma distribuidora americana independente, Olive Films, foi quem teve a iniciativa de distribuir alguns filmes de Jerry Lewis em DVD e Blu-ray licenciados a Paramount.
O que pouca gente sabe é que Jerry é dono da maior parte dos direitos de seus filmes e há muitos anos tem tido o cuidado de preservá-los. Na verdade, é um de seus sete filhos que cuida disso e todos seus trabalhos estão em excelentes condições técnicas.

O pacote da Olive traz Geisha Boy (O Rei dos Mágicos, 58), seu filme menos típico Boeing Boeing (Idem, 65, em que ele e Tony Curtis trocaram de papéis na última hora e Jerry faz o straight man).
Eu comprei os três outros do pacote que eram mais raros e não chegaram a sair no Brasil em DVD: O Detetive Mixuruca (It´s Only Money, 62, que nunca é reprisado porque é em preto e branco),Bancando a Ama Seca (Rock-A-Bye Baby, 58) e Errado Pra Cachorro (Who´s Minding the Store?, 63), todos eles dirigidos pelo mestre de Jerry, o diretor Frank Tashlin (1913-1972). 
Vamos comentar os três filmes, mas antes falar de Jerry e sua contribuição para o cinema.

 Jerry Lewis (1926)
Não é difícil explicar o sucesso de Jerry Lewis. Basta não filosofar muito. O fato é que ele é simplesmente muito engraçado. Sempre foi e ainda continua sendo.
Embora tenha gente que, a princípio, se assuste com o personagem que ele fez, um tipo meio bobo, desengonçado, parecendo mesmo um deficiente. Por isso mesmo que ele dedicou a vida inteira a ajudar os que sofrem de paralisia cerebral, sentindo–se culpado.
Mas não esqueçam que era um tipo, papel, personagem. Conforme demonstrou mais tarde em outros filmes podia ser também um convincente ator dramático.
O que poucos sabem é que Jerry foi aprendendo cinema a ponto de se tornar um grande diretor de comédias (fez algumas até sem participar como ator), chegando a lecionar cinema em escolas e fazer invenções.
Foi ele quem criou o chamado “vídeo assist”, que hoje é amplamente utilizado pela indústria, que é aquele vídeo pelo qual o diretor acompanha o que está sendo rodado, já com o enquadramento, certo, mostrando aquilo que a câmera vê. Também chamado de “vídeo village”.
Era assim que ele conseguia se dirigir a si mesmo, revendo o que foi gravado. Nascido Joseph Levitch, em 16 de março de 1926, em Newark, em Nova Jersey. Seu pai havia sido ator de vaudeville, Danny Lewis (1902-80), e chegou a fazer pontas em cinco filmes (o único de Jerry,Bancando a Ama-Seca). 
Danny  se apresentava principalmente em festas da colônia judaica. Reza a lenda que largou a high school porque brigou com um professor que fez comentários antissemitas e foi direto trabalhar em shows.
 Em 1946, conheceu seu parceiro ideal, um cantor chamado Dean Martin (1917-95), com quem passou a fazer dupla em shows e na TV. No auge de seu sucesso, os anos 50,  a dupla Dean Martin e Jerry Lewis foi imbatível, campeões absolutos de bilheteria, quando foram contratados por Hal Wallis para fazer filmes na Paramount. 

Wallis os viu numa casa noturna de Hollywood e resolveu contratá-los por cinco anos,  ganhando cinquenta mil dólares no primeiro ano e depois o valor iria crescendo até atingir os 175 mil.
Resolveu lançá-los como coadjuvantes em duas fitas ao lado da comediante Marie Wilson, mas o sucesso foi tão grande que logo eles se tornariam astros absolutos.

Foi  a primeira fita da dupla, Amigo da Onça/My Friend Irma, de 49, dirigida por George Marshall. O sucesso foi imediato e tão grande que em 51 eles passaram a “carregar” por assim dizer seus próprios filmes, em geral, refilmagens de antigos sucessos da Paramount adaptados para o estilo de Martin e Lewis, Dean cantava algumas canções e paquerava a mocinha enquanto Jerry fazia o tipo maluquinho e trapalhão, com todas as caretas e trejeitos que iriam marcar seu personagem. E que o público adorava.      
Durante os seis anos que trabalharam no cinema nunca foram grandes amigos. Eram até rivais e nos últimos filmes nem sequer trocavam mais palavras. Era tudo fingimento para a câmera. Curiosamente quando se separaram ambos tiveram carreiras bem sucedidas, mas nunca mais a mesma unanimidade.
O fato é que Dean tinha ciúmes que Jerry aparecia mais, era mais reconhecido e um dia simplesmente se cansou disso e pediu a separação. Só voltaram a se falar quando Dean já estava muito doente e no fim da vida (era alcoólatra e grande amigo de Frank Sinatra). Foi tão importante para Jerry que chegou a escrever um livro a respeito.


Jerry sonhava em ser também diretor e começou a interferir demais nas fitas. Ele aprenderia seu métier trabalhando com diretores como Frank Tashlin e teria grande sucesso como diretor, realizando filmes quase sem diálogos, muito humor visual e seria descoberto pela crítica francesa que o celebraria como um gênio.
Sua obra-prima seria O Professor Aloprado, de 63, que é  muito melhor que sua boa refilmagem com Eddie Murphy. E a grande magoa é que nunca foi respeitado por Hollywood e a crítica americana nunca reconheceu seu valor, debochando dele até hoje. Mesmo quando ganhou o prêmio da Academia foi por seu incrível trabalho filantrópico.

Deixa  como legado suas comédias e alguns momentos inesquecíveis da difícil arte de fazer rir.

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