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domingo, 18 de setembro de 2011

Começo do videogame no Brasil foi marcado por pirataria legalizada

Uma reserva de mercado para empresas de software permitiu que pequenas empresas do Brasil copiassem descaradamente os jogos e videogames de empresas estrangeiras. Apesar de desrespeitar a propriedade intelectual de fabricantes como Atari e Coleco, as cópias estavam dentro da lei brasileira.

A saga do desenvolvimento dos primeiros videogames no Brasil, que viraram febre no começo dos anos 80, é o tema do livro 1983: O ano dos videogames no Brasil, lançado no início deste mês por Marcus Vinicius Garret Chiado, de 38 anos, também conhecido pelo nickname Garretimus.

Fruto de intensa pesquisa em jornais da época, 1983 traz a história do Atari e outros consoles que disputavam o mercado. O autor compara o fetiche da época pelos videogames com o atual iPad, capaz de provocar imensas filas a cada versão que é lançada.

Garretimus conversou com o R7 sobre esse e outros assuntos. Veja os principais trechos:

R7 - O que motivou o sr. a escrever esse livro?
Garretimus
- A ausência desse tipo de material no mercado. Eu colecionei videogames e micros antigos de 1995 até o ano passado. Lá fora, os americanos e europeus levam a sério isso. E aqui no Brasil não tem material.

R7 - O país teve que apelar para o jeitinho brasileiro para lançar os primeiros videogames?
Marcus Vinicius Garret Chiado
- Teve, né? A reserva de mercado criada pelos militares proibia que empresas estrangeiras entrassem no país para produzir qualquer coisa que tivesse microchip ou microprocessador. Não podia nem importar.

R7 - Isso atrasou o desenvolvimento dos videogames no Brasil?
Garretimus
- Na verdade, a reserva apressou. Por causa da reserva, a gente teve vários clones de cartucho e videogames. De tudo quanto é marca. Um sujeito que não podia comprar um cartucho oficial da Polyvox de Atari, comprava um mais barato que os oficiais. Ajudou a popularizar o videogame.

R7 - O que essas empresas faziam era uma espécie de pirataria?
Garretimus
- Sim, uma espécie de “pirataria legalizada”. Em 82 saiu uma normativa da SEI, a Secretaria Especial de Informática. Era proibido o envio de royalties referentes a software para empresas do exterior. Então o pessoal deitava e rolava. Nem se o cara quisesse pagar para a Activision, por exemplo, não podia, porque era contra a lei. Aí todo mundo queria fazer cartucho de Atari. Era tudo vendido legalmente nas lojas, com nota fiscal, garantia. Em termos de Brasil, não era pirataria.

R7 - O Brasil aprendeu com a reserva?
Garretimus
- Não aprendeu a fazer. Só aprendeu a copiar na cara dura. Era tudo cópia. Hoje está aí, o Brasil não produz nada de videogames.

R7 Quando cai a reserva?
Garretimus
- Com a entrada do presidente Collor. Por isso você acha hoje brinquedo da Mattel no shopping. Nos anos 80, era a Estrela que lançava os produtos da Mattel. Você acha produtos das marcas originais a vontade. Quando eu era criança [Garretimus tem 34 anos], não tinha essa variedade.

R7 - Como o Brasil recebeu o videogame?
Garretimus - O país ficou apaixonado pelo videogame. Era uma coisa para toda a família. A mãe queria ter um Atari, todo mundo queria ter, era um símbolo da modernindade. Hoje é muito mais focado na figura do gamer, do nerd. No anos 80, o país ficou apaixonado pelo videogame.

R7 - Os novos videogames não enfocam esse sentimento família?
Garretimus
- Ah, sim, aí vem a segunda parte, com o Wii, o Xbox e o Kinect parecem resgatar isso. Minha esposa e minha filha jogam. Elas não vão jogar um Call of Duty, esquece. Nesse aspecto, o videogame está voltando a juntar a família de novo.

Serviço1983: O ano dos videogames no Brasil pode ser encomendado pelo e-mail euquero1983@gmail.com. O livro custa R$ 45 já com a despesa de

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